Ontem, em um clarão, me lembrei de um lindo poema de Florbela Espanca, uma das mais encantadoras poetas que conheço. Não coloco aqui nenhuma introdução maior a estes versos... Digo apenas que são perfeitos, sem risco de hipérbole.
Impossível
Disseram-me hoje, assim, ao ver-me triste:
“Parece Sexta-Feira de Paixão.
Sempre a cismar, cismar de olhos no chão,
Sempre a pensar na dor que não existe.
O que é que tem? Tão nova e sempre triste!
Faça por estar contente! Pois então?”
Quando se sofre, o que se diz é vão.
Meu coração, tudo, calado, ouviste.
Os meus males ninguém mos adivinha,
A minha Dor não fala, anda sozinha,
Dissesse ela o que sente! Ai quem me dera!
Os males de Anto toda a gente os sabe!
Os meus ... ninguém ... A minha Dor não cabe
Nos cem milhões de versos que eu fizera!
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